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Em meio à queda generalizada que cortou pela metade o mercado brasileiro de caminhões em 2015, o segmento que mais sofreu foi o de modelos pesados, com tombo superior a 60%, que tende a se aprofundar ainda mais após o esperado fim de ano com as vendas paradas. “O viés é de baixa. O segmento que atuamos deve fechar o ano em torno de 40 mil unidades vendidas. Mas sempre existe um fundo do poço e chegamos ao nível mínimo para abastecer um país com dimensões continentais. O recuo foi brusco e bruto, mas começa agora a fase de estabilidade”, avalia Mathias Carlbaum, diretor-geral da Scania Brasil, que atua justamente na porção mais abalada do mercado.

Esperando pelo próximo ano também difícil, com mercado que pode descer ainda mais um pouco pela persistente falta de confiança, instabilidade política e redução da atividade econômica com queda do PIB, o executivo diz que o foco está em criar ações e soluções para cair menos e fazer a Scania ganhar participação extra, que segundo ele estima deve subir dos atuais 12,5% para 14,5% em 2016. O foco está em produtos mais personalizados, para atender necessidades específicas dos clientes, além de aumentar a oferta de serviços e formas de financiamento, com o lançamento em janeiro próximo do leasing operacional para compra de caminhões pesados rodoviários.

O leasing funciona como um aluguel do veículo, incluindo seguro e contrato de manutenção. O transportador faz um depósito caução de 10% do valor do bem e paga mensalidades ao longo de três a quatro anos (a Scania já trabalha para aumentar o prazo máximo para cinco anos). Ao término do contrato o caminhão é entregue à Scania, que se encarrega de vender o usado em suas concessionárias. “Acredito que esse sistema ainda vai crescer muito no Brasil, pois tem custos em níveis competitivos em relação ao financiamento (do BNDES) pelo Finame com TJLP. Antes não tinha espaço porque não dava para competir com as taxas muito baixas do PSI. Com o fim do programa o leasing passa a ser uma opção atraente, com alguns benefícios fiscais, pois reduz os ativos da empresa. Estimamos que esse arrendamento poderá representar de 15% a 20% dos nossos negócios no próximo ano”, diz o diretor.

O leasing deverá compensar parte do que Carlbaum chamou de “inevitável fim do PSI”, que desde 2009 sustentou o financiamento barato de caminhões e empurrou o mercado para cima de forma insustentável. O executivo reconhece que o sistema gerou distorções e já era mesmo hora de pôr fim ao PSI: “Taxas abaixo da inflação não podem ser sustentadas por muito tempo. É perfeitamente possível viver sem isso em um mercado normal, como fazemos em outros países.”

COMPENSAÇÃO

Apesar da percepção de chegada ao fundo do poço, Carlbaum estima que ainda haverá um pouco mais de espaço para descer, para algo em torno 10% a 15%, com cerca de 36 mil caminhões pesados em 2016. “É preciso levar em conta que as vendas devem ficar paradas até o fim de março. Se começar a pedalar só em abril não vai dar nem para repetir o mesmo volume de agora”, calcula.

A estratégia da Scania para compensar a anorexia do mercado tem sido a adoção de ações para se aproximar mais dos clientes, com a criação de caravanas, eventos e alguma expansão da rede. No período 2012-2018 a marca investe R$ 212 milhões em suas concessionárias. Carlbaum diz que investiu nas ações de aproximação o mesmo que teria gastado para participar da Fenatran, onde a marca não esteve presente este ano – e estima-se que um estande e os serviços envolvidos custem mais de R$ 10 milhões.

Outro investimento importante foi o aporte de R$ 100 milhões concluído esta semana para assumir o controle das sete concessionárias que pertenciam ao grupo Battistella em Santa Catarina. Com isso, dos 16 grupos que atualmente operam 122 revendas da marca sueca no País, agora a Scania controla três. “Não existe plano para expandir esse controle, foi só uma compra pontual porque julgamos importante manter a presença no Estado. O Grupo Battisttela vai continuar com sua operação de concessionárias no Paraná”, explica Carlbaum.

O executivo também aposta no crescimento da oferta de serviços da rede, com o aumento da venda de contratos de manutenção. “Isso deixa o transportador livre para cuidar do seu negócio principal, de transporte e logística, como já acontece em outros países, sem precisar se preocupar com a instalação de oficinas próprias.”

Se as vendas de caminhões novos estão paradas, os negócios de usados estão crescendo e tendem a aumentar mais a participação no faturamento das concessionárias. “Nossa rede nunca vendeu tantos usados como este ano. É uma fonte importante de rendimento”, destaca Carlbaum. Ele avalia que a oferta de contratos de leasing irá aquecer esse setor no futuro.

Fonte: http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/23190/scania-espera-crescer-em-mercado-retraido

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